Professor cursista do PARFOR/UESPI publica artigo sobre educação no campo na revista Mundo Jovem

Queremos viver no campo como campesinos e não como estrangeiros na sua própria terra”. A frase citada é mais que uma reivindicação, é uma reflexão sobre a atual situação de muitas populações de municípios localizados no sul piauiense, lugares que emergem como o novo celeiro agrícola nacional.

O trecho foi retirado do artigo “A luta por uma educação do campo”, publicado na revista Mundo Jovem, edição de nº437, da Faculdade de Tecnologia da PUCRS-Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. O autor é piauiense de Canto do Buriti. Luis Nunes cursa a 2ª Licenciatura em Matemática pelo PARFOR/UESPI. Ele, que já formado em Filosofia e especialista em educação,  elaborou o artigo visando refletir sobre a problemática.

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Na foto o Prof. Francisco de Assis, Coordenador Local de Canto do Buriti, Luis Nunes, professor cursista de Matemática, e o Antônio Gilson, apoio técnico do PARFOR.

Segundo o especialista em educação, o texto foi motivado para pensar no contexto daqueles que vivenciam uma situação cotidiana e invisível aos olhos dos governantes e grandes empresários. “Procurei dar voz àqueles que ninguém para pra ouvir”, diz ele.

O sul piauiense se desponta como um grande produtor agrícola, a economia cresce, os municípios localizados no semiárido se modernizam, a população aumenta com a chegada de novos habitantes, a maioria originada do sul brasileiroou do centro-oeste, regiões que são referências na indústria do agronegócio.

Uruçuí, Baixa Grande do Ribeiro, Ribeiro Gonçalves e Bom Jesus são as cidades que mais têm se modificado com o advento da produção de grãos em escala comercial, em especial a soja. Pequenos, médios e grandes empresários do ramo têm migrado para essas regiões que oferecem condições propicias para o cultivo.

Junto a essa mudança uma nova ordem se estabelece: costumes são alterados e a cultura é ressignificada. Em meio a essas transformações alguns questionamentos surgem: Como fica a educação do campo do homem? A identidade e a cultura regional e local podem sofrer significativas transformações?

O texto critica os novos hábitos e costumes que foram implementados na vida do homem e mulher do campo piauiense. Costumes esses alheios à cultura regional e local, submetendo os povos das localidades a uma política de colonização.

O cursista do PARFOR explica que o contato com outras culturas afeta, como, por exemplo, a expressão da religiosidade, a produção artística e musical e o método de educar. A incorporação de modos de vida diferentes faz desaparecer também o espírito comunitário e coletivo presente nas zonas rurais.

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Luis Nunes publicou o artigo “A luta por uma educação do campo”, na revista Mundo Jovem.

Luis Nunes frisa que essa política foi imposta por determinados grupos, utilizando o argumento do ‘desenvolvimento econômico’ para “se fixar em nosso meio através de uma prática predatória que não respeita nossa territorialidade, nossos costumes e muito menos nossa dignidade”.

Outro ponto citado pelo professor são as marcas impregnadas na vida campesina dos pequenos agricultores do semiárido, como a produção agrícola associada a técnicas de domínio do agronegócio, o uso de sementes transgênicas, a criação de gado cuja raça não é adaptável ao climalocal e a produção de alimentos cultivados com o uso de inseticidas.

Segundo o professor, não se pode pensar no campo como um não lugar. “Apesar de nossa história ter sido negada por um sistema que não respeita as individualidades, universalizando as diferenças, conhecemos nossa história e nossas raízes enquanto filhos do campo e habitantes do semiárido piauiense”.

Os professores que trabalham nas zonas rurais podem ser agentes de transformação dessa realidade. “Uma forma de ajudar seria exercendo uma prática pedagógica de forma conexa e contextualizada com a realidade dos alunos, trabalhando a interdisciplinaridade a partir de elementos da cultura local”, sugere, otimista, o autor do artigo.

Por Elaine de Moura

Assessoria de Comunicação PARFOR/UESPI

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