Quando você ouvir alguém dizer que já está velho para estudar lembre-se de seu Jônata, que aos 69 anos acaba de conquistar o seu primeiro diploma de Graduação no ensino superior. Formou-se em Matemática pelo PARFOR/UESPI, “sem faltar sequer a uma aula”, enfatiza com a fala calma com que é reconhecido pelos colegas de trabalho da Secretaria de Educação e Cultura do Piauí.
Já tinha o curso Pedagógico, que permite ao professor ministrar aulas para turmas de primeira à quarta série, mas não bastava. Queria um diploma de ensino superior, que seria, além da oportunidade de engrandecimento cultural, um reforço para renda, já que o funcionário público com curso superior é mais valorizado financeiramente. “Ouvi no rádio que o Governo estava com um programa para que os professores pudessem fazer o ensino superior. Aí, eu corri para o PARFOR”, lembra.
A princípio, ele diz que queria cursar Letras/Inglês, porque também tem uma inclinação para idiomas, mas acabou optando por Matemática. “Sempre gostei de números. Quando eu estudava no Ginásio Estadual Osvaldo da Costa e Silva, em Floriano, ajudava os colegas com os exercícios de cálculos”.
Seu Jônata é um tipo perseverante, que coleciona ao longo da vida diversas conquistas que gosta de mencionar, como já ter sido escolhido o melhor funcionário da Secretaria em todo o Estado do Piauí e uma curiosa participação em um conhecido programa de TV de perguntas e respostas dos anos 2000, o que lhe rendeu uma boa quantia em dinheiro à época.
Ele não esconde, no entanto, que pouca coisa lhe deu tanta alegria quanto concluir o curso de Matemática. Não é uma jornada muito tranquila para um jovem de mais de 60 anos encarar o ensino superior por quatro anos, ainda mais um curso intensivo. Ele reconhece que o começo não foi fácil, mas nunca pensou em desistir e conseguiu se sair bem nas avaliações. “No início foi complicado, porque eu havia terminado o Científico em Floriano já fazia tempo, em 1972. E o Pedagógico não foi um curso que me exigiu muito. Mas depois eu tive um bom desempenho no curso. Cheguei a tirar a maior nota em algumas disciplinas, como Probabilidade”, conta.
Muito mais do que aumento de salário, a obtenção de um diploma de curso superior representa para Jônata Ferreira coisas que não se compra: autoestima e cidadania. No dedo, ele mostra, com orgulho, o anel que mandou fazer para a formatura.
“O PARFOR é uma oportunidade para todos nós nos qualificarmos. Quanto mais estudo melhor. O trabalho dignifica o homem, e o estudo enaltece. Você cresce, descobre coisas e se iguala às outras pessoas. Hoje, eu tenho um diploma do ensino superior. Não tenho mais medo, ou receio, de falar com um advogado ou com um médico. Posso falar de igual para igual com eles porque também tenho curso superior”.
Sem dar aulas para atender administrativamente à Secretaria de Educação nas unidades escolares, seu Jônata sente falta de lecionar e espera poder voltar às salas de aula em 2015.