O Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR da Universidade Estadual do Piauí – UESPI proporcionará um debate com seus alunos sobre o preparo dos professores para abordar a sexualidade no ambiente escolar no projeto “Gênero e Sexualidade na Escola”, que será ministrado em três módulos e terá 60 horas. A primeira cidade a receber o projeto será União, nos dias 08 e 09 de maio. No segundo semestre, mais dois municípios serão contemplados.
De acordo com a coordenadora do projeto, a Profa. Dra. Andréa Cronemberger Rufino, que é professora de Medicina da UESPI e doutora em Ciências, com o tema sexualidade, pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, a abordagem dessas questões na escola impacta diretamente a formação integral de crianças e adolescentes. Assim, o curso quer contribuir com a formação dos professores com relação à diversidade sexual e ao gênero. A professora afirma que, atualmente, a escola ainda não é um ambiente acolhedor para alunos que se sentem diferentes com relação ao restante da turma no que diz respeito à sexualidade. “Infelizmente, estudos comprovam que as escolas são ambientes onde ocorrem as maiores violências relacionadas à sexualidade” afirma.
Apesar de vislumbrar impactos a longo prazo, com a formação de cidadãos mais comprometidos com as questões de inclusão social e abertos à diversidade, o projeto ambiciona também resultados imediatos. “Além da melhor orientação dos professores para abordagem do tema junto aos alunos, o projeto vai possibilitar uma pesquisa com elaboração de diagnóstico, com a ajuda dos professores, sobre como estão sendo tratadas essas questões atualmente no âmbito escolar”, anuncia o coordenador geral do PARFOR/UESPI, Prof. Dr. Raimundo Dutra. O coordenador ainda destaca, como parte do projeto, a realização de um seminário na programação da Semana da Diversidade na UESPI, evento promovido pelo grupo Matizes no final do semestre. No evento, os professores poderão aprofundar o debate com relação às questões de gênero e sexualidade. Tudo isso possibilitará que o PARFOR/UESPI consiga alcançar resultados palpáveis com a elaboração de estratégias para o melhor tratamento dessas questões nas escolas mais rapidamente.
A falta de atenção do educador para o tema não ajuda o aluno que, ao se sentir excluído, pode ter mais dificuldades de sociabilidade e aprendizado. Além disso, reforça crenças e preconceitos que podem gerar discriminação e exclusão social. “Os professores colocam muito os seus valores pessoais com relação às questões de sexualidade e acabam reforçando tabus e crenças, o que pode afastar os alunos dos demais colegas, isolá-los. E aí o professor perde uma grande oportunidade de escutar e de ajudar esse aluno a se sentir integrado à turma”, lamenta. “É preciso entender gênero e sexualidade como conceitos construídos culturalmente e que, portanto, podem ser transformados. Penso que os educadores devam ser agentes de acolhimento dos alunos”, opina a Profa. Andréa.
Nesse sentido, o projeto de iniciativa do PARFOR/UESPI soma-se a outros promovidos pelo programa, que tem dispensado atenção especial à formação de professores mais atentos à educação inclusiva e se alinha a ações previstas pelo Ministério da Educação – MEC, que estabeleceu, por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, que a sexualidade é um tema transversal a ser ofertado no ensino de crianças e adolescentes.