INCLUSÃO | Curso de tecnologias assistivas contribui para mudar paradigmas no Piauí

Prof. Gasparino Batista, diretor do campus de Bom Jesus enaltece iniciativa do PARFOR.

Prof. Gasparino, diretor do campus, enaltece iniciativa do PARFOR.

Quando o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR da Universidade Estadual do Piauí – UESPI anunciou em Bom Jesus as inscrições para o curso “Tecnologias assistivas: um caminho para a inclusão”, professores da Educação Básica da região se apressaram em garantir uma das 40 vagas ofertadas. É que o curso que orienta professores a utilizar tecnologias para a educação da pessoa com deficiência visual é novidade para os professores. A maioria nunca teve sequer contato com conceitos da educação inclusiva e sabem que o trabalho com alunos com necessidades educativas especiais é uma realidade.

Além disso, o curso realizado nos dias 17 e 18 de abril em Bom Jesus é encarado como um ‘pontapé inicial’ para mudar uma ideia retrógrada, comum na região, que vitimiza a pessoa com deficiência, tratada corriqueiramente como incapaz e que acaba induzida a crer na própria inaptidão para aprender. “Iniciativas como essa do PARFOR são muito importantes porque as escolas públicas básicas tem carências do ensino inclusivo”, revela o Prof. Gasparino Batista, diretor do campus de Bom Jesus.

Profa. Norma Nélida acredita que sociedade assumirá comportamento inclusivo.

Profa. Norma Nélida e Rogéria. Coordenadora local acredita que sociedade assumirá comportamento inclusivo.

Para mudar esse paradigma, a Profa. Norma Nélida, coordenadora local do PARFOR/UESPI, pensa grande, para além dos muros das escolas. Ela acredita que com esse curso os professores serão encorajados a pressionar pela elaboração de políticas públicas e projetos de educação inclusiva. “Com o curso, pensamos em levar educação inclusiva não só para as escolas, mas em disseminar um comportamento inclusivo na própria sociedade”, projeta a professora Nélida um discurso que parece até sonho distante para os professores.

Mas ao serem apresentados à Profa. Ma. Rogéria Rodrigues, coordenadora do curso, os professores cursistas começam a perceber como aprender pode ser realidade para pessoas com deficiência. O encontro com a coordenadora causa o primeiro impacto positivo: Rogéria é a primeira cega a concluir um mestrado no Piauí e leva a aula com a desenvoltura peculiar aos bons mestres.

Professor de Espanhol já assume discurso da inclusão: "após o curso, nós mudaremos a forma como lidamos com alunos com qualquer deficiência".

Professor  já assume discurso da inclusão.

Entusiasmados, os cursistas não deixam de acompanhar atentamente as orientações e já incorporam o discurso da inclusão, como Henrique Sobrinho, que é aluno do terceiro período de Letras/Espanhol do PARFOR/UESPI e dá aulas no município vizinho de Cristino Castro. “Essa é uma oportunidade única de aprender a utilizar tecnologias para ter um contato com a pessoa com deficiência sem tratá-la como um ‘coitado’ e respeitá-la não só como aluna, mas também como cidadã. Com certeza, após o curso, nós mudaremos a forma como lidamos com alunos com qualquer deficiência, não só a visual”, garante.

Com o auxílio de duas monitoras, as alunas Brenna Lee e Mirla Abreu, que fazem o quinto bloco do curso de Pedagogia da UESPI/Torquato Neto (regime regular), Rogéria vai abrindo novos caminhos para a elaboração de estratégias de inclusão na escola. As duas planejam elaborar um trabalho de conclusão de curso nesta área, na qual também desejam atuar como professoras. “Tem sido muito bom acompanhar as aulas da Profa. Rogéria. Eu já tenho contato com esse tema há algum tempo e acho que essa monitoria vai nos ajudar bastante na elaboração do trabalho de conclusão do curso além, claro, de ser uma experiência valiosa para a minha futura atuação em sala de aula com crianças e adolescentes”, afirma Brenna.

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As monitoras Mirla e Brenna planejam trabalho sobre educação inclusiva.

Para muitos professores, essa foi a primeira oportunidade que tiveram de receber orientações pedagógicas para educação de alunos com alguma deficiência. Com o curso, que irá contemplar ainda os municípios de Piripiri e Floriano, o PARFOR espera que ações de inclusão sejam replicadas nas escolas. Mais do que orientar os docentes na utilização de tecnologias, essa iniciativa vai deixar nas cidades por onde passar orientações gerais para a semear a inclusão com as recomendações de como os alunos especiais devem ser tratados perante os demais colegas, como igualmente capazes de aprender.

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